jardim noturno - haibun
era noite de confirmação. sob a luz das estrelas, vagava a intenção de sobre o lençol, amar o que por conjectura se encontrava inatingível. alheio as tormentas do amor, incerto que as superaria... ele a esperava no jardim da casa respirando o ar puro que invadia as narinas sem licença.
Dora vinha silenciosa, caminhando no escuro da noite, iluminada pela lua. ela sabia onde encontrá-lo. logo que chegou se acomodou ao seu lado e sorrindo lhe pediu um beijo, que degustou junto ao vinho e o sabor das ostras.
da noite em que sublimava o desejo, entregaram-se numa dança carnal...
encontro a sós
em noite estrelada
flores suadas
sob os corpos
as pétalas amassam
espe(c)taDoras
rosangela a.
A sereia - Haibun
granulosa, morna, úmida... cintilando na noite ao reflexo das luzes da orla - a areia! para Renato os numerosos grãos da praia servem de tapete para o corpo cansado do fatídico dia de trabalho, esteio para deslumbramento de seus olhos vidrados ao mar. lá, pulando, ondas espumantes, ele avista sua musa a banhar-se na escuridão. ela, mais que uma simples mulher, uma sereia secreta. Renato sorri. percebe que seu amor dispensa o cansaço
...revigora suas energias!
ele corre, lança-se ao mar de seus sonhos...
brancas insolentes
cindem seu corpo bruma,
espuma, lua...
ela lançou-se
arenosa a maré...
leve, escuna.
rosangela a.
Despertar de Vera - Haibun
Velha, descansa a máquina de costura empoeirada no canto do quarto. Enquanto sentada na soleira da porta da cozinha, Vera saboreia seu café matinal e aprecia a fumaça do cigarro desaparecendo suavemente no silêncio do quintal. É o rio a frente, com os peixes a pular de um lado a outro da margem, são os pássaros faceiros acompanhando a correnteza. O trabalho deixado para trás, pode ser adiado. Mas o rio que passa correndo à frente... Não espera.Vera dá mais um trago, Vera saboreia mais um gole... Na mente um mergulho!
despertar d'alma,
encantada vislumbro;
minha mãe sorrir.
* * *
pesquei parati,
no pensamento d'alma...
a isca? Eu!
* * *
no rio: peixes,
garça moura. famintos...
alimentam-se!
rosa a.
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