Haicais de Ébano




ébano baby...
despertando desejos
suspiros no ar!


..........


da pele negra:
carne, tempero quente,
sabor pimenta.


..........


negro amante,
deixe-me aquecida,
denso corpo nu.


..........


ébano forte!
rubro o corte sangra...
unhas cravadas.

rosangela a.

Jesus menino



nasceu menino
de Maria e José
Jesus Salva-dor!

*

é Natal - alegria
a estrela que brilha
Jesus! - anuncia

Natal em haicai
com paz saúde e amor
desejo de Flor

rosangela a.

breve




a despedida
do que viveu suave...
um breve viver

*

de seu sorriso
capitoso delírio
a gerar amor

*

sane as chagas
deixadas cicatrizes
no seio aleite

*

há desalento
no tempo deste adeus
que antecipas

*

teima andante
de palmas em partida
- um até logo -

rosangela ataíde

jardim noturno - haibun


era noite de confirmação. sob a luz das estrelas, vagava a intenção de sobre o lençol, amar o que por conjectura se encontrava inatingível. alheio as tormentas do amor, incerto que as superaria... ele a esperava no jardim da casa respirando o ar puro que invadia as narinas sem licença.
Dora vinha silenciosa, caminhando no escuro da noite, iluminada pela lua. ela sabia onde encontrá-lo. logo que chegou se acomodou ao seu lado e sorrindo lhe pediu um beijo, que degustou junto ao vinho e o sabor das ostras.
da noite em que sublimava o desejo, entregaram-se numa dança carnal...

encontro a sós
em noite estrelada
flores suadas

sob os corpos
as pétalas amassam
espe(c)taDoras

rosangela a.

A sereia - Haibun



granulosa, morna, úmida... cintilando na noite ao reflexo das luzes da orla - a areia! para Renato os numerosos grãos da praia servem de tapete para o corpo cansado do fatídico dia de trabalho, esteio para deslumbramento de seus olhos vidrados ao mar. lá, pulando, ondas espumantes, ele avista sua musa a banhar-se na escuridão. ela, mais que uma simples mulher, uma sereia secreta. Renato sorri. percebe que seu amor dispensa o cansaço
...revigora suas energias! 
ele corre, lança-se ao mar de seus sonhos...


brancas insolentes
cindem seu corpo bruma,
espuma, lua...

ela lançou-se
arenosa a maré...
leve, escuna.


rosangela a.

Despertar de Vera - Haibun


Velha, descansa a máquina de costura empoeirada no canto do quarto. Enquanto sentada na soleira da porta da cozinha, Vera saboreia seu café matinal e aprecia a fumaça do cigarro desaparecendo suavemente no silêncio do quintal. É o rio a frente, com os peixes a pular de um lado a outro da margem, são os pássaros faceiros acompanhando a correnteza. O trabalho deixado para trás, pode ser adiado. Mas o rio que passa correndo à  frente... Não espera.Vera dá mais um trago, Vera saboreia mais um gole... Na mente um mergulho!


despertar d'alma,
encantada vislumbro;
minha mãe sorrir.

* * *

pesquei parati,
no pensamento d'alma...
a isca? Eu!

* * *

no rio: peixes,
garça moura. famintos...
alimentam-se!

rosa a.

eu e Darwin




@
meu cão alegre
sempre contagiante
brinca serelepe


@
pegar onda?
cachorrinho... nada
feito lontra.


@
hora de rua
eu e Darwin felizes
sob a lua


@
Darwin, eu te fiz
haicai que rima enquanto,
lambe meu nariz!

rosangela a.

@




pesam os galhos...
mangueira carregada
prenhe do verão

rosangela a.

(|—


fina a chuva
garoando a vida
ao dia faz cinza

rosangela a.